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Projecto Mare Nostrum | Um desafio


No ano 2000, por ocasião do 25º aniversário do Festival Estoril Lisboa a nota de abertura do programa continha a seguinte frase ”Veremos que odisseia nos reserva 2001, início do novo milénio. O nascimento de uma nova era traz, inevitavelmente, uma carga geradora que nos estimula”

A inevitável evolução e permanente mutação de um projecto, é um longo caminho que se percorre através da acumulação de experiências. Estas, por sua vez, surgem pelo impulso do espírito criativo que, inexoravelmente, leva o homem a abrir novas portas que o colocam perante interrogações e desafios, destino a que, felizmente, está condenado.

Em 2003 nasce o
Projecto Mare Nostrum. Acto criativo? evolução?, mutação? Um pouco de tudo, do mesmo modo que nada existe sem o antes e o depois. É, essencialmente, reflexo de experiências vividas.

Mare Nostrum é uma consequência natural dos Encontros Nova Geração de Compositores do Mediterrâneo realizados, em 2001 e 2002, nos quais participaram representantes da Itália, França, Espanha, Croácia, Grécia, Turquia, Líbano, Tunísia e Portugal.

O êxito da iniciativa, fonte permanente de conhecimento das correntes estéticas de hoje, afirmação de identidades e preservação de uma cultura comum, permitiu iniciar a apresentação de obras em estreia absoluta ou nacional de Kamran Ince, Jacopo Baboni, Luis Tinoco, Antun Tomislav Saban, Sérgio Azevedo, Emilio Calandin, Alberto Colla, Carlos Marecos, Jean-Philippe Bec, Jesus Rueda, João Pedro Oliveira, Miguel Gálvez, Nuno Côrte-Real, Francesco Antonioni, Vito Zuraj, José Luís Ferreira, Gabriel Erkoreka, João Madureira, Saed Hadad, José Manuel López López, entre outros compositores da nova geração, juntamente com repertório universal de autores consagrados de diferentes épocas como Monteverdi, Vivaldi, Berlioz, Debussy, Ravel, Falla, Milhaud, Strauss, Berio ou Xenakis que, em conexão com a história, mitos e influências da cultura do Mediterrâneo, dão corpo ao conceito
Tradição – Inovação, objectivo último do projecto.

A execução de poemas sinfónicos como a
Sinfonia nº.1, The Fall of Constantinopla, de Kamran Ince (descrição da histórica batalha entre o Imperador Constantino e o Sultão Mehmet, O Conquistador) ou Le Rovine di Palmira, de Alberto Colla (sobre a lenda de Antar) e peças de câmara como Qalbî’ arabî – Os viajantes da noite, de Luís Tinoco (sobre textos de poesia luso árabe), Lo specchio di Polimnia, de Francesco Antonioni (sobre a lenda da musa Polimnia), Sinamay, de Jesus Rueda (inspirado no célebre concerto para cravo de Manuel de Falla), I will stay in wonderland, the Country of happiness, de Jean-Philippe Bec (inspirada nos últimos versos de Antonio Machado: estos dias azules y este sol de la infancia...), Le Contredesir, de Saed Haddad, e mais recentemente Cantata Vera Cruz, de Nuno Côrte-Real, Requiem pela aurora de amanhã, de João Madureira, Te Deum em louvor da paz, de Eurico Carrapatoso, Peregrinações, de Vasco Negreiros, Magalhães, de Tiago Derriça ou, ainda, Don Juan, de Strauss; Shéhérazade, de Ravel, La Mer, de Debussy são, entre muitas outras, obras de uma autenticidade profunda e linguagem depurada que bem ilustram este conceito.

Desde o início, participaram cerca de 60 compositores da nova geração procedentes de países do Mediterrâneo, incluindo Portugal.

Mare Nostrum foi o modelo inspirador para a European Festivals Association criar MusMA (Music Masters on Air) projecto europeu de características inéditas envolvendo prestigiados festivais internacionais de dez países, respectivas rádios nacionais e a Eurorádio. Teve início em 2010 com o apoio da Comissão Europeia e a Presidência Honorífica do Presidente Herman Van Rompuy.


Extractos de depoimentos de alguns compositores
Mare Nostrum

“Je trouve que ces rencontres peuvent devenir un Modèle pour d’autres Pays, d’autres Festivals. Le travail de composition est très solitaire et nous avons tous rarement l’occasion de pouvoir, dans la plus absolue liberté, l’opportunité de partager avec d’autres artistes issus d’univers, de cultures différentes. Les Rencontres de Jeunes Compositeurs dans le cadre du Festival d’Estoril sont une réussite totale et m’ont apporté énormément sur les plans artistiques et humain ». Jean-Philipe Bec (France).

“I support this initiative 100%. I have come out of Estoril learning so much and look forward to continuing this inter-cultural dialogue for many years to come”. Bushra El-Turk (Libanon).

“I think such a meeting is important event for composers where they share and listen to each other and I hope such an event continue in the future”. Saed Haddad (Jordanian).

“De especial interesse parece-me o facto de, embora este encontro nos localizasse a todos num espaço geográfico comum, que é o Mediterrâneo, todos nós revelámos preocupações de caracter universal, trazendo para o debate observações alargadas a toda a comunidade de compositores contemporâneos”. João Madureira (Portugal).

“I would like to point out some peculiarities of the Estoril Festival that make it unique in its genre. We were left free to discuss whatever topic we liked regarding our identity as composers, and nobody was there to impose his own view or his own opinions. This is why Estoril Festival is different from young composers' meetings that take place elsewhere. At Ircam, Apeldoorn, Darmstadt, DiNuovoMusica and at Nuova Consonanza meetings, there is always some strong personality or some powerful school or academy that influences the opinions and the proposals of the participants. Estoril is diferent, and better.

It was important for me to find a chance to share those thoughts with other people living in different places of Europe and to realize that there is a network of people sharing the same life as musicians”. Francesco Antonioni (Italy).

« J'ai rencontré avec beaucoup d'amitié et de camaraderie plusieurs jeunes compositeurs de la Méditerranée et senti la diversité des approches esthétiques de mes collègues.
J'ai été frappé par le sérieux de chacun: nos discussions étaient passionnées! J'ai été sensible par la liberté de ce prestigieux festival. ». Régis Campo (France).

« Looking back I am amazed that this was the first meeting of its kind. Mediterranean countries share so much culturally yet we lack the regular contact to help us understand each other as well as ourselves. To help us express ourselves more distinctly we must know what is transpiring in the arts of countries that share a similar spirit and passion”. Kamran Ince (Turkey).

« Nous avons eu une similarité dans las différence, du fait que chaque compositeur possède son propre style d’écriture, alors que nous étions tous dans un même univers, l’univers méditerranéen. Pour conclure, on peut dire que rien nous éloigne, tous nous reproche ». Ouanés Khligene (Tunisia).

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